inda lembro do riso solto
lembro o tempo da alegria de viver
quando ao passado volto
a tudo que não quero esquecer,
hoje trago a boca seca
sem gargalhada,
ficam os olhos rasados d'água
ao anoitecer,
- até de madrugada!
lembro do chilrear dos pássaros
e das carícias do vento
aos meus ouvidos,
e do perfume das flores,
a vibrar nos meus sentidos.
apesar do esquecimento,
que inda agora se apresenta
e de inquietude me acorrenta
lembro de correr
de pés descalços em liberdade
lembro de cada rua, cada esquina
e a lembrança traz-me saudade
lembro a menina
- e os odores dos dias extintos
lembro das vidas perdidas
e da canções esquecidas
bastava um pouco de calor
deixar pular o coração
e nascia o amor,
envolvia-me na sedução
o sol confiava-me o seu poder
e assim me fiz mulher.
hoje já não quero percorrer
grande distância
prefiro ser o mar do poema
e sua inconstância
e fazer da saudade meu tema.
natalia nuno
imagem pinterest
1 comentário:
Olá, querida amiga Natália!
A saudade inspira os poetas sempre.
Que o perfume das flores seja o nosso próprio em cada verso!
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
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