há um sol que percorre todas as ruas
da minha aldeia, e só abandona as hortas
depois a horas mortas...
quando se despede da aldeia
as aves aninham-se nos ninhos,
nos lares serve-a ceia,
já a lua alumia os caminhos.
há roupa estendida nos estendais
que na madrugada estará enxuta
com o passar dos vendavais...
madrugada chegada
canta o galo na capoeira,
depois da cara lavada
vão os homens até à eira.
volta de novo o sol a percorrer
todas as ruas da aldeia
gente boa Deus premeia!
janeiro chega e traz consigo
uma mão cheia de frio,
fumega o rio,
na praça, há sonhos e sorrisos
e no jardim da mãe,
já vêm nascendo os narcisos.
olho a soleira da porta!
onde está minha gente?
sinto-me de saudade, morta...
inverna e vai haver cheia
e a avó continua tricotando meia
ao peito a fotografia
do avô que se foi um dia.
sento-me um pouco na arca
dos cobertores, parece-me ouvir
a avó a rezar as suas dores!
o tempo tem agora mais anos
que minha idade,
e este sonho é poema de saudade.
natalia nuno
rosafogo
2 comentários:
Todos nós estamos a precisar de Sol. Seja ou não poético. Neste caso, ficou um poema iluminado, sublime de ler. Gostei muito.
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Abraço poético.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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E como gostei deste teu sonho/Poema de Saudade que li e reli, Natália!
"O tempo tem agora mais anos do que a minha minha idade"... e do que a minha, amiga, e do que a minha...
Abraço-te!
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