escrevo simplesmente sobre coisas simples
essa é a minha linguagem, crio os poemas
à minha imagem, dirigem-se a toda a gente
não sei escrever complicadamente,
os poemas levam a minha identidade
e neles muito de mim e muita saudade.
surpreendida com a minha imaginação
há poemas que cantam na minha solidão
lembranças pequenas que passam por mim
trago o tempo na mão
tempo amadurecido que me levará ao fim!
surpreendida páro a cada esquina
da aldeia, e lá me encontro menina.
vejo as moças a lavar no rio e a cochichar
e eu amo tudo isto intensamente,
atravesso a ponte, sinto alegria ao passar
e vou escrevendo o poema simplesmente,
sem complicação e vou seguindo em frente
amo as coisas que se foram no tempo q' passou,
amo todos os que a morte me levou
olho a corrente d'água q' tantas vezes olhei
chega até mim a melancolia, tudo como antes,
sigo com o olhar o vôo do estorninho que tanta vez
seu belo canto escutei...
meus pensamentos estão agora distantes
levados por esse vôo do estorninho
lá sigo de cabeça erguida o meu caminho.
deixei o adro, deixei vielas, deixei as hortas
neste poema que escrevo a horas mortas
a noite desliza suavemente pela calada
e já chega a mística alvorada,
trago ramos de salgueiro no coração
e escrevo palavras simples que florescem
na escuridão... desta minha solidão.
natalia nuno
rosafogo
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