sexta-feira, 4 de setembro de 2020

os meus dedos choram...




nesta solidão quase obrigatória
que mais posso fazer
que escrever
o que me vai na memória?
os meus dedos choram e sofrem da crueldade
esperam o soar da hora da liberdade
desintegro-me numa amálgama de estilhaços
sofre meu corpo com falta de abraços,
este gume fino que me fere
o coração, que ainda pulsa!
faz-me penetrar numa escuridão
com o medo de menina pequena
que coloca a máscara
para escapar ao papão.

quero aspirar à paz e felicidade
esquecer as marcas da tristeza
e os escombros deste tempo difícil
sondo meus sonhos, e sinto
a vida a escassear,
semicerro as pálpebras e fico
a pensar como tudo é proibido,
e a perguntar-me se valeu a pena
ter vivido.
já não resta tempo, é demasiado tarde,
para responder a esta ou outra questão
porque na verdade
tudo é névoa na minha visão.

natalia nuno
rosafogo





2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Sublime. Um poema que me apaixonou ler.
.
Cumprimentos

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de muita paz, querida amiga Natália!
A falta de abraços nos deixa inseguros, o afeto é primordial para nos sentirmos de bem conosco e com a vida.
Com a falta de carinho, somos escombros, nada mais.
Um lido poema de desabafo e sentido na sua essência intensa.
Tenha um final de semana abençoado!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

https://espiritual-marazul.blogspot.com/