domingo, 5 de julho de 2020

pressentimento...



dói na memória com intensidade
ouvir o cansado ruído da lembrança
e a pressa da ameaça que se avizinha,
surgem nos olhos águas de saudade
treme o coração sem esperança
cresce o medo do que se adivinha.
na luz caída da tarde
o vôo perdido das folhas,
levando ao pensamento a verdade
da saudade, com que já me olhas.

no fogo secreto da noite
esquecíamos o tempo e a lentidão
amávamos-nos  sem fronteiras
e era alquimia percorrer teu corpo
com minha mão,
redimida no silêncio,
resgato do esquecimento
cada momento vivido
que a memória parece ter esquecido,
mas que ainda consigo alcançar
porque é grato recordar.

é no silêncio que se aprende a aceitar
o envelhecer
a perceber o tempo e o seu pulsar
a vida é este estar e não estar, é este temer
de não poder mais despertar
este é o pressentimento, o rumor das minhas
palavras, que não sei suster,
a dura angústia de cair no vazio
e aquele amor que nos uniu
seja um fio desatado, um sonho melancolicamente
esquecido,
no nosso sono apagado.

natalia nuno
rosafogo


2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Li o poema em silêncio profundo. Respeitando a sua beleza poética, em silêncio por fascinado, me deixei ficar.
.
Um domingo feliz
Felicidades

orvalhos poesia disse...

Um privilégio receber seu apreço, agradeço de coração.

Boa semana para o amigo
tudo de bom.