terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

levava laranjas nas mãos...


levava laranjas nas mãos, os sóis giravam à sua volta e perguntavam-lhe: quem és tu?
- sou apenas um sonho, um leve sonho solto no esplendor da manhã... ando pela casa onde nasci, ouço um rumor de pétalas caídas das ramagens, sonâmbulas, tristes pelo chão, também sussurros de quem adormeceu para sempre, mas sua alma navega ainda por cá junto à luz sombria dos loureiros...com o vôo livre deixo-me ir até onde mora a brisa, fico despida e inconsciente entre as madressilvas, alfazemas, e a ternura das giestas... ouço ao longe os trinados de pássaros anónimos que podem ser cotovias, rouxinóis pardais ou outros mais, e eu escuto-os no espaço azul da minha memória onde se enraiza o resplendor da esperança que ainda me cabe...é árida a realidade por isso sou apenas sonho, sonho e saudade e tudo que vivi e amei, solto agora com palavras velhas estas memórias atadas, enquanto não surge o caos e a confusão e venha calar a minha mão....

natalia nuno

Sem comentários: