quinta-feira, 25 de abril de 2019

tão perto de mim e tão perdida...



a vida estremece com delicado frio
e a solidão desponta
em tremendas tempestades
lá vêm as saudades!
de fio a pavio
vai a memória dando conta,
nas insónias acesas e persistentes
onde escuto o lento chilrear dum pássaro perdido
nas sombras intermitentes dum mundo a desabar
quero esquecer-me, quero escapar

e a memória dos dias volta do anoitecer ao
amanhecer...
lembro de ser
um ser feliz
de asas a bater,
a levitar num avanço e recuo
leve e doce a tocar as pétalas das flores
perdida de amores
com o sol à minha volta a rastejar
logo que a manhã solta surgia espelhando as águas
do rio... e eu estremecia com delicado frio.

agora sobrevivo à memória e ao tempo
inunda-me o peito a solidão que grito,
o vazio das horas
o vento turbulento baila no parapeito
dos meus olhos que não sabem porque choram
e aqui fico tão perto de mim e tão perdida
neste estreitar de tempo, nesta enorme descida.

natalia nuno
rosafogo

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