há silêncios que dizem tudo
na aspereza da noite, são desabafo d'alma
nos olhos secos, raios
avermelhados a expurgar a solidão,
as veias soltam-se em trepidação
na quietude, não se ouve nada
a não ser, o bater do coração
a vida já se ajoelha
o tempo no rosto se espelha
assim se faz o começo do fim,
sigo o silêncio que se quedou em mim
na memória há um fogo que arde e não
se consome...uma porta larga que abre,
ao passado, estendo a mão
às lembranças,
o sonho impregnado de brandura e,
com ternura, vou criando asas
para sair da solidão.
sempre a mesma sujeição ao tempo
sempre a mesma memória obsessiva
a lembrar cenas que marcaram a vida
deixaram no peito a saudade viva
esta saudade tão minha, que sinto de verdade
e lá me faço asa, que me leva de volta a casa
mas o tempo se arrasta e da vida me afasta
silêncio mudo que em mim se deita
encontra guarida no peito e ali se ajeita
aceita a oferta do abrigo e quer-se ali comigo.
há silêncios que dizem tudo
atravessam m' alma vazia, meu coração mudo
cansaço na viagem, e passa mais um dia.
natalia nuno
rosafogo
Sem comentários:
Enviar um comentário