palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
terça-feira, 14 de novembro de 2017
olhar longínquo...
junto sorrisos na penumbra
e na face já adulterada
sinto a brisa da folhagem,
surge-me então a imagem que trago comigo
e a ninguém digo...o que sinto!
já não me amo inteiramente
trago o corpo desabrigado
já nada sente, cansado...
olho o espelho a que o inverno embaciou
o cristal, agora tão velho!
como posso levar-lhe a mal?
mas há uma luz que não se apaga
a mesma que às vezes os meus olhos alaga.
quiméricas lembranças vêm à minha memória
consumida...
de todo esse tempo que passou por mim
abre-se me o peito, e enternecida,
alargo o sorriso, o olhar longínquo
a cismar, a cismar sem fim.
procuro espantar o frio que chegou à vida
levo aves de sonho no meu caminho
e deixo a manhã em meus olhos crescer
a cada instante proponho-me a um
sorriso de murta e jasmim
sou um outono que não quer morrer
e assim renascem rouxinóis adormecidos
em mim...
e no sonho me perco e carícias teço
nele pé ante pé, com jeito
e de lá não regresso, tudo é perfeito
em sol e lua aninhada...
amanhã, talvez amanhã quando me sentir
amada!
natalia nuno
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