quinta-feira, 31 de março de 2016

de cabeça às voltas...



se houver ainda quem
não tenha entendido
apesar da pouca luz existente
eu sou de carne e osso, sou gente
mesmo na penumbra...
chego à última curva da estrada
levo o traço bem definido
para trás a vida malfadada
acrescento... que não deixo testamento
a partilha de bens está feita
e eu estou resignada...
mas se houver quem não tenha entendido
basta meditar sobre o ocorrido,
meditar dá sempre os seus frutos.

não quero choros nem lutos
num ápice passou a vida
e o céu já começa a escurecer
não sei a distância ainda a percorrer
este é um tempo em que os tempos
me voltam à memória, sonhos de água
sem mágoa, e agora
o destino derradeiro desta aventura
não interrompam a marcha
chegou a altura...
ainda que me vejam pesarosa e
de sobrolho carregado

que ninguém adie
o que não pode ser adiado.

natalia nuno





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