sexta-feira, 25 de outubro de 2013

nasci em dia cinzento...



o grito que dei ao nascer
trazia a força inteira,
a vontade e o querer
e o tempo
tecendo minha inquietude,
num rodopio chorava eu
e o céu enchia o rio...
o tempo sempre contra mim
sem qualquer outro sentimento
que não seja sugar-me a vida.
no rumor da minha memória
sinto ainda,
aquela que fui um dia
trago-a
recolhida em meu coração,
menina a quem dou a mão.

nasci em dia cinzento
deste cinzento que me envelhece
não há oração ou  prece
apenas nostalgia,
nesta memória que não esquece
tudo passou sem dar conta
já tudo fica a uma ponta...
mas neste pulsar persistente
neste coração latente,
esperança abre as janelas
a alegria continua
a aflorar aos meus sonhos,
nada a pode mudar
nem apagar do pensamento,
nem o capricho do tempo cinzento ou
sua impiedade...
quero levar comigo o paladar
da saudade...

natalia nuno
rosafogo



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