sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

lembranças miúdas VII




pequena prosa poética

Hoje o céu desaba, tenho saudades do céu azul e brilhante... o dia está cinzento parecendo com
pressa de desaparecer, sinto-me triste, aperta-se o peito num nó e é perturbador sentir que o cinzento do dia me vira do avesso...é como se tivesse encharcada até aos ossos, e não conseguisse escapar à tempestade.
Meus olhos que são verde terra, com rugas em volta, e sorrisos de raios de sol, hoje estão dum negro profundo, com lágrimas batendo nos vidros, como pequenas gotas de chuva escorregando pelo rosto, basta fechar os olhos para apenas ouvir o som das notas harmoniosas e concentrando-me, na minha mente surge uma nuvem branca como bola de algodão...meus olhos meio abertos e sem brilho sorriem agora com o fulgor duma fonte que espalha mil gotas de água brilhantes...ouço o canto, as notas são dum alaúde, será sonho? Ou estarei à beira de adormecer lembrando alguma ária musical da minha juventude? Não! É apenas o fogo da minha imaginação, minha ansiedade oscila como o vento, e eu sou um pássaro feito desejo, que sabe que não é sempre inverno, que outra primavera há-de chegar, é assim que eu penso, é esta a minha força.
De saudade me comovo, desço p'lo tempo e através de imagens regresso a criança, e aí começa o sonho, meu coração renasce, sai da gaiola onde esteve prisioneiro, e o tempo esboroa-se em pó... e liberta, sou mais eu, esqueço a cilada do tempo, simplesmente assim...saudades de mim.

natalia nuno
rosafogo
imag. net


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