palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
terça-feira, 2 de novembro de 2010
FALEM, FALEM...
FALEM, FALEM...
Para quê tanta vozearia?!
Se estou à beira de quase nada
Sómente a solidão e mais um dia
E o velho abrigo da memória cansada.
Já o tempo em mim se perdera
E eu sorri mesmo com o dia feio
Mas o tempo só tristezas gera
Esqueço a mulher que se escondeu p'lo meio.
Espreito a gaveta dos retratos velhos
Como cisne, chega a hora, choro e canto.
Lembro a outra que se via aos espelhos,
Já a noite me cobre com seu triste manto.
Trago meus pulsos cansados
Dias partidos, gastos de sentimentos
Palavras gastas, gritos estrangulados
Caminho a passos lentos.
Sinto a morte a crescer lentamente
No meu corpo e eu ainda viva
Para quê ao meu redor tanta gente?!
Se não há gesto, nem embalo que me sirva!?
Falem, falem, digam o que lhes aprouver
Chamem-me louca, ou sombra de mim
Que hei-de ouvir-vos enquanto puder
Pois estando viva... me sinto morta, sim!
rosafogo
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