nada me satisfaz na realidade
escrevo palavras na esperança
de fugir de perturbações
abafo o outono que a mim chegou,
esqueço desilusões, e como criança,
por instantes sou o que ela sempre
sonhou.
nos dias cinzentos
cruzam-se rios e ribeiros
nos meus pensamentos,
há frases que a chuva apaga
ou o vento leva alucinado,
a tempestade já a tarde alaga
e o poema sonhado, aqui parado.
uma nuvem cresce e cobre o passado
como a dizer que não posso voltar,
eternizo o instante e do sonho não
quero despertar.
atravesso a aldeia, até ao outro lado
mesmo com céu ameaçador,
agarro-me ao fio do passado
e tenho p'la terra o mesmo amor.
o crepúsculo chegou de vez
mas a memória não se desfez.
natalia nuno
1 comentário:
"... Escrevo palavras na esperança de fugir de perturbações".
Olá, querida amiga Natália!
Identifico-me muito com o que escreve.
Poema muito de dentro da sua alma. Como aprecio.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
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