terça-feira, 5 de dezembro de 2017

na poeira do tempo...



na poeira negra do tempo
há flores que se desfolham
num torpor sonâmbulo e gelado,
já nenhuns olhos as olham
com olhar apaixonado
foram  flores de verde pino
de olhos verdes expressão bravia
suave ou triste foi o destino
de melancolia hoje seu dia a dia.

o tempo cria caricaturas sem dó
tira-lhes o brilho que tinham outrora
e o sorriso que as faces iluminava
pétala a pétala lhe deixam só
a saudade, que as persegue hora a hora
a saudade magoa-as, quebram-se num
silêncio cismando em tudo e nada
e há lembranças que nem chegam a abrir
quando a memória é já de si delicada

flores que teimam em não morrer
expostas ao inverno e às nortadas
alimentam-se de sonhos, querem ser amadas
ressuscitam sentimentos de tanto querer.
um murmúrio de água na voz perdida
no âmago ainda a idade de ouro
e os olhos desencantados a prender-se à vida
quando a noite é já pálpavel

natalia nuno
rosafogo





4 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Na poeira do tempo ficam apenas as lembranças.
Maravilhoso poema.
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco

orvalhos poesia disse...

Grata Maria pela visita, é sempre um prazer encontrá-la nas meus humildes escritos...

Beijinho continuação de boa semana, desejo-lhe também um Bom Natal, com muita alegria e felicidade.

_ Gil António _ disse...

Simplesmente doce e maravilhoso. Diria até que: BRILHANTE POEMA
.
Hoje
Margens de sedução de branca espuma
.
Deixando um abraço poético.
Boa noite. Domingo feliz
.

orvalhos poesia disse...

Grata amigo, Bom Ano!