quinta-feira, 28 de maio de 2020

lá na aldeia...


a aldeia está nesta hora
deserta...
a flor da urze cá fora,
apenas uma ou outra porta aberta
vêem-se as chamas das candeias
dobrando-se às correntes de ar
as mulheres cosendo meias
e cozinhando o jantar.
as chaminés lançam fumo para o céu
a cafeteira sempre ao lume,
cá fora o odor do café,
mistura-se com o perfume
da natureza,
já tudo foi também meu,
lembro meu lugar à mesa.
como resistir a tamanha saudade?
sinto que perdi o tempo
que bruscamente despertou
e fugiu.
a realidade
é que a vida é corrente impetuosa
não é sem dor que se vê passar
é estrada sinuosa
que o tempo inclemente vem sombrear.
é tempo de tranquilidade
as raparigas amarram as tranças
com fitas novas
com cuidado e docilidade.
as mães sopram o carvão em brasa
para engomar a roupa da casa,
breve será o dia de noivado,
que quer casa e, seu recheio
vem o noivo e com cuidado
vem escondendo algum receio
como pode um homem resistir?
o que há-de ser, há-de ser!
já não há como fugir
ela vai ser sua mulher...
prepara-se a boda então
convida-se quem tanto se preza
vem o padre e no  altar faz uma reza
a mãe tira um peso da cabeça
que ele a faça feliz, é bom que não esqueça
lá vão para a lua de mel a morrer d'amor
a vida é água corrente
se um dia fôr diferente?!
há que prever é a realidade,
mas sempre este dia d' amor
será lembrado com saudade.

natália nuno
rosafogo



2 comentários:

chica disse...

Linda poesia e saudades nela bem expressas! bjs, chica

orvalhos poesia disse...

Obrigada amiga Chica, o meu tema predilecto é a saudade, principalmente a saudade de mim, a vida corre amiga e as boas lembranças são o que há de melhor. Fica bem. Beijinho