lembranças salpicadas de infância...

perpassam aves no céu azul,

nas manhãs descobertas

rumam ao sul, 

de asas bem abertas.

é de todos esta terra perfumada,

onde cresce o trigo e nascem papoilas

e há sonhos por construir

e há garotada, de riso terno

que brinca ao sol, à chuva que há-de vir,

e ao frio severo do inverno...

à noite sempre uma estrela se apaga,

e a esperança do povo tão vaga.

tantos sonhos que teceram

tantos que ainda acalentam

mas já tantos morreram

e outros tantos, nem sonhar tentam.

hoje tirei-me do meu cuidado

e olhei as aves em liberdade

cheias de coragem e graça

num bater de asas continuado

elevam-se nos ares, enquanto o vento

por elas passa.

encurtam a distância entre a terra e o céu

aqui, onde se cruzaram tantos destinos

com tudo que Deus lhes deu

uns criaram asas, outros não aprenderam a voar

ou não souberam o destino modelar

com máscaras vai-se vivendo

fica o vazio nas ruas

e o destino me vai dizendo

que as esperanças vão nascendo nuas.

natalia nuno

rosafogo

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