sexta-feira, 23 de abril de 2021

venha ela quando vier...


embriago-me de palavras
nelas me afogo 
numa morte doce e bela
e logo espiando na janela
uma voz ao abandono
rouxinol... cantando meu outono.

triste é este tempo tão vago
que outro eu nunca tive
história que não apago
faz tempo que em mim vive.

que coisa atroz, coisa esta
que se lê no chão do meu rosto
que já foi chão, mas de festa!
hoje sol tímido, sol posto.

no que os meus olhos veem
perdidos no horizonte
em desassossego... só creem!
temer q' a morte os confronte.

mas venha ela quando vier
a mim não me faz vergar!
se um machado trouxer
com ele a hei-de derrubar

hei-de esperança arrecadar
nem q' seja esperança do incerto
e quando ela de novo voltar
verei ver se não estou por perto.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest
11/2007

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Terminado o verão surge a nostalgia do Outono. A verdade é que, poeticamente, e não só, o Outono é repleto de beleza. Mais um poema lindíssimo que ma fascinou ler
.
Feliz fim de semana.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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