domingo, 21 de junho de 2020

uma fria labareda...


uma fria labareda ia morrendo e ela de janela aberta de par em par, olhava o espelho e encontrava a resposta que tanto queria ignorar, o rosto persistia mas sem vida... ferida, cresciam-lhe no olhar lágrimas esparramando-se num longo pranto...o tempo sentenciando sem dar trégua, deixava-lhe mais uma ruga taciturna e revelava-lhe um rosto que não conhecia. alucinada, o coração ficava uma pedra branda que chorava por dentro, a sua face ali retida era como um enigma, uma sombra, e nunca a sua inteiramente...recordou-se jovem, com pena nada mais quis ver nem saber, espreitou o mundo, desdobrou um sorriso triste e estava ali, pronta a quebrar o vidro cego, era ela afinal... como um sonho que se esfuma, na mesma janela com cortina urdindo sonhos, os mesmos que trazia lá detrás de quando era menina...

natalia nuno
imagem pinterest

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Poeticamente muito sedutor de ler. Se calhar as janelas e os espelhos são janelas da alma para muitos de nós.
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Um domingo feliz
Saudações poéticas.