domingo, 11 de agosto de 2019

dei-me à vida...



dei-me à vida
e de mim trago saudade
acordei a solidão,
agora que estou de partida
aceito a realidade
como se fosse ilusão.
conto os meus cansaços
e sem apressar os passos
aceito a condição.

digo o que penso e sinto
com palavras vindas do peito
e às vezes dialogo comigo
e não minto, se disser que a vida já não leva jeito,
é um beco sem saída...
as coisas que também sei
é que à vida me dei
mas eu sonho quando anoitece
e o sonho ainda acontece.

olho o mar, olho a montanha
partirei sem nada levar
só uma saudade tamanha
deste tempo em que a morte me poupava
e eu não hesitava um momento
e a vida não parava.
e eram poucos os meus braços
e minhas mãos eram poucas
para gratuitamente dar abraços
para matar saudades loucas.
depois de corridas tantas léguas
trago o corpo descaído
mas à vida não dou tréguas,
valeu a pena ter vivido.

natália nuno
rosafogo

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