verdes como hera
que subindo vai
esperam, desesperam
e um dia a vida neles cai
meus olhos onde estão,
que olham e não veem nada
em estéril contemplação?
são eles e eu cansada!
verdes, não veem o verde dos campos
a vida sempre a mesma!
o futuro é não... ou nem sabido,
pálido e sombrio
paisagem onde não há rio.
entra por mim adentro um calafrio
vejo minha estrada desdobrada
a chegar ao fim,
já tudo me esquece
até de mim!
nos olhos tristes dissipa-se a aurora
passa por eles o tédio
hora a hora.
hoje não sei se sou
ou não sou!
não sei se existi
meu olhar turvou,
nem me sei aqui.
águas passadas que inda fazem dano
sorrindo interiormente
apercebo-me, como a vida
foi um engano,
fustigou-me o tempo
os olhos que se abriram ao nascer
flores imprevisíveis
nascidas de verde
um dia irão morrer,
quando a solidão e a carência
fôr rumor de mágoa e do amor
a sede...
já não invento sonhos
dou-me à sorte
neste final, sulcado pela morte.
natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest
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