segunda-feira, 6 de outubro de 2025

o silêncio do meu inverno...





inclino-me sobre o espelho das águas amenas
e choro minhas penas
abrigo-me dos dias de frio
fico olhando o marulhar do rio
as águas desoladas pressentem minhas mágoas
e eu, como pomba que arrulha no ramo
segredo-lhes que existo
porque te amo

fica a vida lenta e sombria
e a luz do sol amarelenta ao anoitecer
do dia
lembranças saudosas são rosas e malvasias
no meu peito
há alegrias ingénuas e emoções mimosas
que quebram a solidão
as decepções e o desalento
as aves apagaram os gorjeios na margem 
do rio que corre em mim
esvoaçam no meu céu cinzento
em sombra e silêncio
do inverno que me esfria
e vão pousar longe no chão
ilusão...

onde ainda se veem estrelas, e restos de sonho
da minha juventude
rasgam-se meus dedos em vão
em estremecimento de primaveras passadas.

natalia nuno
imagem pinterest

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