segunda-feira, 23 de junho de 2025

esquecer os espinhos...




meus versos alçam vôo
sobre o cansaço da minha jornada
e vão onde não vou,
partem das minhas mãos
logo p'la alvorada

às vezes olho as últimas estrelas
cicatrizes das dores do universo,
palpitam minhas veias feridas
solto palavras em verso

é preciso florear os caminhos
espreitar por todas as nesgas o céu
esquecer os espinhos

soltar os ais que a vida não gastou
esquecer tudo o que desfraldou

libertar as consoantes e vogais
que ainda flutuam no voo dos dedos,
deixar nas saudades os ais
acalmar os sons dos medos

tudo o que fomos se cruza na mente
e uma lágrima seca, surge de repente
na tíbia memória dos meus olhos
onde a saudade mora

despenham-se versos da imaginação
sem formosura e sem demora
que são apenas rumores
- deste velho coração.


natalia nuno







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