quinta-feira, 10 de julho de 2025

para quê importar-me com a sorte dos meu poemas?



vivo nas margens da escrita
com a chama dum frio que não abala
e um inventário de esperanças,
logo a saudade vem comigo à fala

a vida é uma aventura excessiva
reinvento-me nesse labirinto
que é viver,  e sentir-me viva
nutrindo-me de melancolia
para sobreviver

rememoro poemas, os mais intensos
ou ali ao acaso
onde a leitura me faz tremer,
o tempo já os vai desvanecendo
- prontos pra morrer

desprotegidos, nada justifica
a sua existência
nada os vivifica, ficam escuros
como o fundo duma mina
e nele abafam as lembranças
de menina

chega do silêncio o fastio
os olhos leem até ao esgotamento
abrem-se ao vazio,
os sonhos tocam ao de leve
inquieta-me esta mudez,
e o esquecimento

para quê importar-me
- com a sorte
dos meus poemas?

natalia nuno
imagem pinterest






1 comentário:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Natália!
A sorte do seu poema é por conta do leitor dar valor que ele merece muito...
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos de paz