segunda-feira, 7 de julho de 2025

o tempo que me desafia...



entre a pedra e a urze
sou semente,
o orvalho veste-me de doçura
e eu ferida, inocente
fico sem vida, presente, nem futura

a escrita é o pulsar
que me contêm,
e se me quiser dispôr a perecer
não contará a ninguém

elevo a nostalgia 
à casa dos meus versos,
será cinzento meu abandono
deixar-me-ei tacteando entre sombras
e uma inaudível melodia

deixo mais um poema inquietante
resta-me esta última estação
o espelho mostra o rosto que não encontro
acaba rasgando-me o coração

o tempo pôs a sombra no meu rosto
para me ir enclausurando
com estranha obstinação
o tempo todo me olhando

natalia nuno
imagem pinterest




2 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Natália!
Seus poemas são regados ao orvalho do céu, de tão lindos.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz

orvalhos poesia disse...

Olá querida amiga, estou fora uns dias de férias no norte do país, mas ainda assim o vício de partilhar é imenso e em vez de descansar os olhos tenho que criar qualquer coisa. Obrigada, desejo-te igualmente uma boa semana. Beijinho fica bem e feliz.