cai uma chuva de sílabas brancas
silencia o outono,
asfixiam as pétalas das rosas
o vento veste-se de folhas negras
é a loucura do instante
já não ressurge o sol brilhante
já as palavras não me bastam
levo uma longa desmemória
neste mundo de luas e marés
que avisam os meus sentidos
e contam minha história
meu corpo é de barro
sua existência despenha-se
enegrecida
apanhou-me desprevenida,
e aos poucos
leva-me a vida
diária é a condenação
a chuva vai ceifando o sol
do crepúsculo ao arrebol,
foram-se os bandos de pássaros azuis
do meu coração, levaram-me a alma
a ansiedade ficou, e não acalma
precipitadas nuvens caem em choro
sobre as árvores, que alargam os braços,
- lentos são meus passos!
os pensamentos atravessam muros
o meu horizonte é feito de fuga
e de vitória a saudade, é
asa, que me oferece um pouco
da perdida memória.
solitários ficam os olhos
do meu esquecimento
contemplo o céu, agradeço
mais um dia,
o outono já silencia
natala nuno
imagem pinterest
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