quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

uma trégua que me adie a morte...



as aves do céu
recordam-me o tempo que se foi
e o que me resta,
a nostalgia que dói
como se o coração fosse muro
embaciado, 
e dentro dele o sol quebrado.

na mente, claro escuro
sobressaltos violentos 
que me avisam os sentidos,
já se despenham pensamentos
enegrecidos.

vejo a passar nuvens vazias
vão como a minha viagem em quietude
surgem para dar-me os bons dias
trazendo uma trégua que me adie a morte
o fluir da minha mão, e com sorte
voltar livre, o sol ao coração.

natalia nuno



2 comentários:

Toninho disse...

Assim como um repassar a vida a limpo. Tudo que se viveu e ou deixou de viver. Mergulhar na existência, saber se pequeno diante a grandiosidade da vida com todos os seus mistérios. Olhar para a finitude das coisas. Uma nostalgia envolvida em lembranças que se acumulam.
Grande trabalho da poesia Natalia.
Carinhoso abraço e feliz fim de semana abençoado.

orvalhos poesia disse...

Olá estimado amigo

A longevidade leva-nos a repensar, solitários vamos andando como sombras ondulantes, e é no silêncio nocturno, que mais recordações nos vêm à mente, imagens ressurgem do que fomos perdendo, vamos sonhando com os momentos bons, outros que nem queremos lembrar, há sempre uma ponte entre o presente e o passado que nos une, muitas vezes me pergunto quem sou e quem fui, e deduzo que continuo para sempre a mesma.

Um abraço e a minha gratidão
desejo muita saúde para o amigo, muito bom receber suas palavras generosas.