sábado, 30 de outubro de 2021

devagar liberto o medo...



chega do mar a brisa,
e o sopro azedo do vento
e a vida precisa
de novo, o encantamento.
chega o Outono silencioso
com luz bruxuleante quase cega,
e o tempo sempre atento
me pega!
a vida é vasta ventura
é sonho não demora,
ah...esse tempo, faz tempo agora!

é hora, 
surge a morte com sua trama
o reverso de quem sonha, de quem ama,
e é tão mais triste
o poeta em mim morrendo,
vive morto a ver a saudade crescendo...

e dói!
sobe-me a dor à garganta, sufoca,
devagar liberto o medo,
liberto-me da aspereza da morte
e à sorte em segredo, 
sinto-me como ave que não sabe onde pousar,
agarro-me à vida que tem outras vidas
que procuro entrelaçar.

quero o tempo reter
enquanto puder
e depois devagarinho
seguir caminho
sem lamento, nem sofrimento,
talvez numa tarde de outono
como hoje, tocada pelo vento
e pela brisa do mar
apagar tudo do pensamento
bater asas e voar.

natalia nuno
rosafogo




3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Deslumbrante de ler.
.
Votos de um feliz fim de semana.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Roselia Bezerra disse...

A vida precisa
de novo, o encantamento.

Boa noite de sábado, querida amiga Natália!
A imagem é tão linda e nos faz adentrar no poema com ânimo e suavidade.
Tenha um domingo abençoado!
Beijinhos carinhosos de paz e bem

Maria João Brito de Sousa disse...

Sempre belos e imbuídos de uma serena melancolia, os teus poemas, Natália.

Um grande abraço!