sábado, 31 de agosto de 2019

volto a ser rio...



a amarga flor da saudade
traz lágrima que desce pelo rosto
curva-se este até os joelhos tocar,
e traz à vontade, a vontade de adormecer
sem tempo nem medida
e, calar a dor, desta saudade sentida
o rumor seco dos ventos,
uma ausência infinita,
as mãos caídas no ventre
num adeus mudo que a saudade
faz crescer de repente.

há sempre uma ânsia em mim
a pernoitar
volto a ser rio, como se ainda não tivesse
secado, deixo-me ao mar levar...
aceito este meu fado,
sonhos e alegrias ardem, na cegueira
das utopias...
e na passividade dos dias
que são uma eternidade,
de enfado, deixo  na saudade o pensamento
abandonado,
na alma é sol posto,
a névoa encobre  meu rosto
e o coração bate num silêncio agitado.

ainda assim, perdida num mundo sem espaço
quero sentir a terra de pé descalço
a ternura pelo cantar dos pássaros quero sentir
e brindar à vida enquanto ela em mim existir.

natalia nuno


Sem comentários: