segunda-feira, 19 de março de 2018

mariposa exausta


desisto de escrever por hoje
já nada há na minha imaginação
até ela me foge...
há pétalas esmagadas p'lo chão
e eu, mariposa exausta de esvoaçar
sobre a urze do monte, sobre o alecrim,
no meio dos sobressaltos do vento
dou por mim, cansada,
é o fim deste dia cinzento
que se desfaz em noite escura.
resta  a melancolia. o lamento
e a feiura do tempo, que me vai moldando sem piedade
deixa um rasto no meu rosto assombrado
e um coração de saudade quebrado

adormecem as rosas de cores frias
enquanto arrumo o fio do pensamento,
apresso o passo que breves são meus dias
afunda-se a tarde neste crepúsculo cinzento.
já se foi o calor das minhas mãos,
agora vazias, sentem a solidão dos dias repetidos
ressequidos de sonhos passados...
aguardo p'lo sol que mal espreita
enquanto a vida se ajeita
que nada interrompa esta m' meditação
foi-se a antiga alegria
resta a cinzenta inquietação

este poema escrevi, rasgando o azul do sono
subindo os degraus da noite escura
com a memória agoniada
e eu sigo até de madrugada...
aguardando a manhã futura, com energia na alma.

natalia nuno
rosafogo















Sem comentários: