sexta-feira, 13 de março de 2020

no norte das minhas palavras...



no norte das minhas palavras abandonei a inocência, lá onde tudo era sonho onde lavrava a alegria, onde havia lufadas de sol, onde era seara e girassol, onde via regressar as papoilas vermelhas e os pássaros construíam ninhos nos beirais dos telhados...as estrelas vazaram, e trago agora os olhos molhados...fico a secar os olhos embaciada de emoção, sigo por entre a maresia à minha procura, porque me dói não saber quem sou nem onde estou, não me reconheço, e sempre que a mim regresso há um desajuste entre o sonho e a realidade, parto com velocidade... que mal fiz eu... quem secou a flor em mim? de trigo eu era... hoje sou girassol que morreu, assim... morreu-me também o tempo, sou pássaro no escuro à procura dum pouco de primavera...sigo caminho com o afago do vento não me deixo entristecer, não quero mais palavras, que já nada têm para me dizer...
natalia nuno

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