domingo, 8 de março de 2020

às vezes...





às vezes as sílabas saem-me negras cheirando a frio, caídas pelo chão, indigentes, humedecendo a minha saudade, às vezes as palavras saem-me humilhadas, desprendem-se na noite sem luar, envenenadas, roídas de desejo de amar, mas maldição...são apenas do pranto uma porção... é tempo de cinzas derramadas no sonho baldio que me foge como um lugar proibido, imponho-me mesmo derrotada, abrigo-me numa gargalhada...tive um tempo que me convidava a ficar, mas pôs-me ressentimento no cabelo cinzento, não me restou tempo para escolher nem inteligência, ou vontade para recusar, resta-me a saudade do meu corpo precoce de mulher, sonho dentro do sonho que escrevo para não esquecer...

natalia nuno

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