palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
domingo, 8 de janeiro de 2017
destino cumprido...
onde estão meus anos moços
que deixarão meus olhos na escuridão
que me deixam apagada, desnudada
assim tratada com desdém
fingindo esta vida que não sou ninguém
onde está a moça sonhadora que agora
me põe louca...
que era botão de rosa a abrir
agora faz uma prece, mas a vida
não a quer ouvir... e chama-lhe louca.
vê-se a angústia no rosto cansado
no peito a saudade a morar
o tempo é um sopro que passa, que foge
afagos de amor lembro ao deitar
e ao acordar, de face enrugada
fico triste, calada, sem que a vida afronte
e nesse tempo que envelhece bebo água na fonte
e penso que Deus já de mim se esquece.
estes segredos meus que ao papel confesso
e toda a vontade que me resta como por magia
são um poço infindo onde já faleço
mas enquanto em minha mente se fizer dia
sentir-me-ei ditosa, tendo a saudade por companhia.
abandono-me ao tempo, as palavras entre meus dedos
desprendem-se inteiras, num destino cumprido
são o meu mar, o princípio e fim do tempo vivido.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
poema triste...
olho p'la janela a escuridão circundante
que ameaça aceder ao avanço do dia
e este poema torna-se meu amante
o que horas antes impossível parecia
começa a noite triste a esfeapar-se
sem véus púrpura ou dourados
começam as estrelas a esgueirar-se
sobrevivem meus sonhos calados
dança a folha uma delicada dança
uma valsa sobre uma poça de água
mantenho-me viva m' alma descansa
no milagre de estar viva esqueço mágoa
fiquei à espera do crepúsculo esta tarde
com a ânsia duma criança que espera
só o poema ri desta minha ansiedade
como a dizer-me: quem espera desespera
escapa- me murmúrio de compreensão
dirijo-me a ele com um olhar sombrio
e assim escrevo mergulhada na confusão
e a vida acossante... tem-nos por um fio
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
porque hei-de rir?
Porque hei-de rir
se há flores a definhar no jardim
e já pouco ou nada resta de mim?
porque hei-de rir
se já a morte adivinho
e chegou ao fim mais um dia do caminho?
Porque hei-de rir
se a vida semeou em mim a solidão
se a morte é previsível, só a vida não?
Porque hei-de rir
se trago meus lábios sequiosos
no silêncio, e o corpo adormecido
num vazio sem sentido?
Os sonhos foram suicidas corajosos
abandonaram-me não deixaram rasto em mim
resta a estrada a chegar ao fim
porque hei-de rir?
Vou rir-me do Poeta não de mim.
natalia nuno
rosafogo
sábado, 24 de dezembro de 2016
arrebatamento...
ante o teu corpo junto ao meu... vou sonhando
prossigo inteiramente tua, do sempre ao agora
descubro a tua força, enquanto tu me amando
segredo aos teus ouvidos, rogando mais na hora
a loucura, o sonho, esse que vive junto ao meu
é como uma cascata de sede, que nos aprisiona
vejo o mar no teu olhar, fica o meu preso no teu!
esse corpo desencaminha o meu que se abandona
e nessa loucura ... o sonho me leva com paixão
somos como um vendaval q' palpita aprisionado
a plenitude é um mudo instante, e logo é extinção
procuramos inutilmente o amor ainda em chamas
foi-se em longínquos dias, em silêncio devorado
resta lágrima que nos afoga, e o dizeres q´me amas.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
lavro versos...
tento afogar o nó que me prende
a este frio intenso que me rasga
lavro versos, versos, sigo em frente
e nem palavra alguma me engasga
sonho, e sinto desejo em cada linha
lavro versos, com verbos d' claras raízes
enquanto a memória tem sol e caminha
em risco, até que que tu vida me ajuízes
se a morte me enclausurar na sua torre
jamais a palavra poderá vir a morrer
quem lavra versos também nunca morre!
simplicidade extrema, és fogo que ateias
e eu sou noite ou dia um violino a arder
sede de rouxinóis em afã nas minhas veias.
natalia nuno
rosafogo
A TODOS OS AMIGOS, que visitam este blog homenageio com este singelo soneto, desejando-vos Boas Festas e Bom Ano Novo.
a vida é fogo...
a vida é fogo, viagem que não se detém
arvorada em gritos d'alegria também d' dor
apertado nó que ninguém desata, porém
vertiginosa trepadeira, onde existe amor.
a vida é um sopro de sonoras subtilezas
nela se desenlaçam lembranças vividas
águas adormecidas, são trinados, belezas
umas recentes, outras há muito nascidas
a vida é água agreste, pura e cintilante
corre arrebatada como a querer escapar-se
enfeitiçada vive e é só mais um instante
numa melodia constante até ao sossego
pronta a cumprir destino a despenhar-se
ali onde a morte à vida não mais tem apego.
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
no vazio
passaram os anos de maior vigor
agora amor...vamos acenando à vida
com um adeus animador
seguimos com coragem
esta viagem, incansavelmente
já que a vontade de viver
ancora ainda no nosso horizonte
e tudo faremos para a manter
às vezes, a taciturnidade se abeira de mim
e logo uma saudade sem fim
a querer perpetuar o horizonte dos meus sonhos.
o tempo invisível, partiu
apagando-se no silêncio, no vazio
num lamento doentio...a alegria já emudece
surgem , lágrimas e pensamentos de
resignação,
a este tempo que nos isola,
que à nossa pele se agarra como uma
prisão,
trago a sede no ouvido, do meu riso
trago sede de regressar ao calor do teu olhar
escondo-me num recanto da memória
e é aí que sei amar-te
ocupo os degraus da minha imaginação
fujo dos golpes e dos redemoinhos
levo-te no coração
e por atalhos vou sonhando à procura
de outros caminhos.
o tempo não abdica nem de ti, nem de mim
escuta os relógios e a sua pressa
sempre com a mesma obsessão... a de nos levar o coração
mas em nós habitarão quimeras sem fim.
natalia nuno
rosafogo
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