ao entreabrir a janela
senti a brisa desfraldando
as asas duma mariposa amarela
era sonho,
um jardim de malvas
e ao acordar agigantou-se
pronta a melancolia,
mais outro dia,
jogo de memórias salvas
na rua tantos seres, tanto mundo vivo
meu rosto junto ao vidro cativo.
cala-se agora o vento
e o silêncio me devora
na imobilidade deixo que ele seja lei
no pensamento,
olho o horizonte nebuloso
é a morte, é a vida, já nem eu sei,
e ouço os gritos da chuva nos vidros
que aos meus ouvidos,
são como latidos.
sinto no âmago o frio deste dia
o sonho da mariposa amarela
ainda em mim a melancolia,
eu pegada na janela
na fronteira, morte e vida,
ferida, com sutura esquecida.
natalia nuno
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