segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

vai a lua enfraquecida...

às vezes o poema vem chamar-me baixinho, volta e meia dá-me a mão e ali ficamos a olhar o firmamento e a ouvir as folhas a cair, esvoaçando entre minhas angústias e o vento, depois o definitivo anoitecer, e o poema continua o chamamento, louco, sem fim, sufocando em memórias de mim, resta um pouco de felicidade por tecer, coisas pequenas, lembranças, saudades...agora que estamos em sintonia, e a lua já vai enfraquecida, debruço-me sobre a folha branca com palavra colorida, sorridente, que a vida merece outro poema, vou escrever docemente, dou um golpe na melancolia que me persegue amargamente...e deixo a escorrer os espinhos que me fazem sofrer... 

nnuno
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domingo, 7 de dezembro de 2025

tempo de melancolia...

 


folhas de semblante avermelhado
que o outono deixou cair
fazendo um tapete aveludado
que é belo ao pisar sentir

moribundas, caem na terra
fria
é assim do tempo, a ditadura
tempo de melancolia,
é também tempo de solidão 
e ternura

geme na noite a escuridão
negra de silêncio e tédio
toda a esperança é posta
entre amor e oração
que ao coração dos pobres
é remédio

é Natal, com canções de ar
perfumado
e de orações
de júbilo incendiado

como se nunca mais pudesse ser
para alguns será solitário e triste
e sem palavras de amor
e conforto, a esperança
de sentir em Cristo 
um novo reconforto.

natalia nuno
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minha fé no singelo...



às vezes as pequenas coisas são a nossa salvação, quando a memória dos dias é quase nada e a vida nos arrebata o pouco que já temos, persistimos na beleza dum simples poema, de olharmos os narcisos de amarelo dourado, das lembranças dum primeiro amor, dum sorriso aberto, é o ter por perto motivos válidos para continuar o caminho...quando persentimos que tudo se converte num tempo obscuro, quando enfrentamos a solidão e o silêncio,  ficamos surpreendidos e mudos, como um vento adormecido, parece já nada fazer sentido, mas se a memória lembrar ainda o riso das águas, o voejar dos pássaros cheio de graça, o tocar as flores com as mãos, basta, para que o sonho ainda grite, para que a vida não nos asfixie de vez...