anda no ar o aroma a rosmaninho
mas a casa está desabitada,
já não há flores no caminho
é noite e a luz apagada
a nostalgia rodeia
os móveis, silêncio,
junto à chaminé
a avó fazendo meia
no ar o aroma a café
a sombra da ramagem na janela
a candeia pendurada bruxuleia
- a lua espreita,
enquanto a mãe serve a ceia.
vivendo entre a minha gente
sentindo em jorros
a felicidade do sangue
o riso e lágrimas, a saudade
uma carta de recordações
um sonho, todo ele de ilusões
partiram!
- o pai já não faz o baloiço
a avó já não faz meia
a mãe não põe a mesa
a candeia não bruxuleia
e se estou viva, não tenho certeza
a aldeia em mãos estranhas
a primavera branca de flor
de laranjeira
ah que saudades tamanhas
de os ter à minha beira
- ditosas presenças
em minha vida.
tremente a noite de frio
e lonjura
a memória enche-me os olhos
de ternura,
sulcam-me o rosto rugas de saudade
prossegue a emoção
nesta minha idade, sem idade
natalia nuno