quarta-feira, 28 de maio de 2025

perguntas que a mim faço



às vezes encontro respostas
que queria ignorar
a perguntas que a mim faço
ao olhar o rosto,
morto de cansaço

desencadeia-se um nevão
na alma e no coração
as lembranças também fogem
aos dedos de solidão,
fico cativa, como a que não
está morta nem viva!

um sopro de cinza permanente
é a sombra da recordação
que o coração sente,
a saudade dos trinados
das promessas e ardores
desesperados, e desencontrados

mansas lágrimas pelo perdido,
crescem nos olhos como formigas
tantos anos ter vivido!
trago o rosto enrugado
memórias consumidas
de tanto labor, tantas fadigas.

natalia nuno
imagem pinterest


domingo, 25 de maio de 2025

pequeno poema...




piso a terra há tantos anos
sou mãe de tantas brisas
apesar dos enganos
ainda acredito no porvir
não tenho como fugir

a vida me dá tão pouco
que até de amar já me apouco

nada de bem vem pela frente
as mãos já estremecem,
às emoções sou indiferente
as ideias empobrecem

minha loucura desencadeia
toca suavemente a alegria
canta-me um sonho
a somar à minha idade
a saudade de mais um dia

saudade de travo amargo
lembro assim deste jeito
aquele abraço apertado
que me deste

a dor antiga no peito
à despedida,
 - palpitação, a chama
que só atravessa o coração
de quem ama.

natalia nuno

o silêncio traz-me quase tudo...






hoje observei o pôr o sol
e pensei!
- que talvez o mundo já se aquietasse,
na ramagem o vento parou,
o céu estrelou,
e a injustiça dum Deus sempre mudo
em Deus de luz despertou?!
um sonho que ouso sonhar
talvez a solidão no meu peito
a enraizar não possa voltar

vi o dia ir embora
e tudo mudou nessa hora!

na mente o recordar do outono
e agora que me chegou o inverno,
sentimentos em mim ao abandono
a minha crença quase perdida
a vida endurecida,
recolho vestígios de fé
sigo envolta em flores da melancolia
carente de acreditar
em mais um dia
que traga com ele a paz.

passa o tempo, cresce a saudade
pingam gotas do meu olhar
e é na noite que mais dói
no meio da escuridão
o sonho se foi!

já definha a minha fala
só ouço a coruja piando
perto da janela,
será a morte que virá velá-la?
à luz faiscante duma vela?
tragam Poesia, 
e de Mozart uma sinfonia

na minha derradeira opacidade
levarei delas saudade.

natalia nuno
imagem pinterest