quinta-feira, 4 de setembro de 2025

poema por acabar...

 


olho a doçura deste azul celeste
devolve-me a ternura de viver
perco o medo de morrer!
carrego a tristeza,
palavras são em vão
depressa escurece meu coração

escrevo poemas de monotonia
sofredora, escrevo por aí fora
seja noite ou dia,
seja qual fôr a hora!

é assim que eu os sinto
nas veias, 
e desfaleço num silêncio absoluto
e ainda que não os leias,
meu coração impõe-se, com ele luto,

minhas mãos numa queda a pique
é pouca ainda a luz da madrugada
e o poema quer que fique!

foge-me a inspiração
fica o poema numa desordem delicada
fica tudo do avesso
o coração dentro das paredes
a estoirar
luz à imaginação peço,
para o poema acabar.



natalia nuno
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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

palavras já se perdem...



procuro o sítio certo
quero chorar com as rosas pela manhã
ou com os jasmins orvalhados
tirar-me destes meus cuidados

só eles sabem do meu anseio!

de permeio
um cheirinho a alecrim, 
poder fugir de mim
e da solidão que envelhece

procuro lugar neste poema
que é minha paixão
afundo-me na ondulação
deste mar que me acolhe nos abraços

palavras já me fogem, pra não me ver só
os crisântemos, olham-me com dó

nesta descida para o desconhecido
o silêncio é ruído
a inspiração no esquecimento,
confusa e confinada
impelida a procurar alento
nas palavras quebradas
vindas do
coração e da alma.

natalia nuno
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terça-feira, 2 de setembro de 2025

metade luz, metade escuridão...




todos os dias são preciosos,
especiais!
até aqueles que doem e, solto meus
ais.
e quando vejo o dia a morrer
retrocedo anos, para o presente
não me doer
é na escuridão, que olho o tecto
e a saudade começa a martelar
como centelha incandescente
lembro o afecto
e lembro o amor teimosamente!

amor que cresceu e deu semente
estranho ardor que ainda me embriaga
e me dá alento
paisagens da alma a todo o momento
em metades luz, ou em escuridão

vestígios fugazes na mente e no coração

os meus olhos fazem a colheita
é quase inverno e o sonho se deita
rodeiam-me ecos cheios de ameaças
afasto-os do meu mundo
fecho as vidraças

sinto indiferença do que se passa
à minha volta
já me ameaçam as recordações
é o preço da liberdade de me sentir solta
não quero ilusões, exijo a verdade
ergo-me até ao fim!

natalia nuno
imagem pinterest