segunda-feira, 23 de junho de 2025

maldito tempo



maldito tempo
que até a ilusão me cobra
e eu sonhando com searas douradas
que do Senhor são obra
 p'la mão do homem cuidadas.

não prendas minha liberdade,
tempo que me segues os passos,
deixa-me tempo pra ter saudade
das lembranças esquecidas,
das ideias foragidas,
não me prendas a liberdade.

deixa-me os sonhos vestidos
de luar,
quero mastigar o trigo
de pés descalços andar,
ficar para sempre menina
de corpo silvestre
menina franzina.

não sangres mais meu coração
não... não fiques longe, nem perto
que eu contigo não acerto.

quero comer pão de ló
despetalar malmequeres
estar ao colo de minha avó
deixa-me só, se quiseres.

não me prendas a liberdade
prende-me antes à vida
tempo que eu levo de saudade
tempo nem sei bem de quê,
quem sou na realidade?
por que me segues... porquê?

natalia nuno
rosafogo




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