
Esse laivo de perfume
que ainda hoje me recorda
como era teu costume
o lencinho da algibeira
e o cigarro ali à borda.
Como era teu costume
lá seguias na pedaleira
com pedalada certeira.
e esse laivo de perfume.
o nó da gravata bem feito
tudo corre claro
no meu espírito...
recordo esse teu jeito.
sempre o mesmo assobio na boca,
tua única vaidade
coisa pouca.
A melancolia estampada no rosto
e uma mão cheia de tristezas
quando o Sol já era posto
mais um copo
te arrancava das profundezas.
incapazes de te compreender
indeciso e impotente
não paravas de beber
pensando assim ser gente.
Tua arma era o esquecimento
e também o perdão
a inimigos desconhecidos
que sem coração
te sugavam o corpo e a alma
como podias ter calma?
sempre a conversa queixosa
acerca das misérias
curvares-te á vida ruidosa,
custosa...
e ainda fazeres-lhe vénias.
Com a mão na algibeira
e um sorriso de desespero
seguias na pedaleira
com sonhos
destinados à partida
a não ser sonhos
que raio de Vida!
mas com uma certa ironia
tu insistias com a vida
e ela contigo insistia.
És hoje um homem a negro desenhado,
na minha memória
aqui plantado p'la minha mão
fazes parte da minha história
guardo-te no melhor sítio
que é o meu coração.
Nasci do Povo
Memória de mim.
rosafogo
natalia nuno
imagem retirada do blog
imagens para decoupage.
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