hoje ela é estação sem folhas, outono onde nada germina, onde há caminhos molhados e a estrela que a seguia desde menina perdeu-lhe o rasto, os sinos da aldeia já não dão horas estão parados... há muros caiados de branco, e um fresco silêncio... no adro onde saltava à corda já não há crianças a pular e há soluços dissolvidos no ar que só ela ouve... procurou e não soube, onde pôs os brincos de princesa que deixou na chaminé onde havia uma candeia acesa, procura...procura, como se fosse uma borboleta cega, e só a boneca de trapos a alegra, olha pela janela pequena as rosas que ainda não vieram e ouve o murmúrio do vento a desdobrar-se pelos cantos da casa, só a saudade lhe enfeita a memória de azul, e consente que suba ao muro e ganhe asas de largueza pelas hortas... vai lavar os olhos ao leito do rio e entrega o sorriso às estrelas, a horas mortas, descansa na margem da saudade... onde afloram os sonhos.