fico imóvel como o silêncio
incapaz de avançar, de dar um passo
escuto o balançar dos ramos
o cantar dos pássaros
e a dor disfarço...
há um uivo na minha pele
que começa a devorar-me
e o vento aos ouvidos agita-me a ressoar-me
como se fosse trovão rasgando a noite e sua negrura,
e uma súbita loucura se apodera de mim.
vejo a vida e o mundo desprovidos d'amor
perdidos entre desolação e rumor
parecendo esperar por detrás de cada sombra,
a angústia desliza no meu peito
arrojo-me então à impiedade do tempo
abandono-me ao vento e ao esquecimento
onde nem a esperança já incendeia
só a saudade, quebra em mim o silêncio
rompe a minha noite enferma
cresce na minha ideia
uma luz que ainda resta, ainda existe
e a vida persiste...
um dia a morte atravessa o umbral da porta
e me acolhe triunfal, num afã de possessão
levará meu coração...
que me importa, a quem importa!?
natália nuno
rosafogo
"vejo a vida e o mundo desprovidos d'amor". Lindo poema, é a realidade atual. Infelizmente.
ResponderEliminarObrigado.
Olá Paulo, só agora agradeço a visita por ter andado em viagem, desta vez à Suiça...obrigada é um prazer recebê-lo aqui neste meu recanto poético.
ResponderEliminarabraço e bom domingo.