palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
poema na noite....
O negro da noite instala-se
enquanto um vazio se vai aproximando
já não consigo suster meu alento
e o tempo devorando, vertendo cinzento
sobre a memória...
encheu-se a minha mente de lembranças
como flechas contra a escuridão
e nasce um poema incorrupto
vai crescendo p'la minha mão
vou sonhando em cada linha
sonho o teu abraço abrupto
ouço o teu passo que se encaminha
e deixa pegada nos meus versos.
e nas linhas que escolho, as palavras que amo
é por ti amor que as escrevo
ao ritmo do mar em rebentação,
onde não falta uma brisa d' amor
que brota e canta do meu arrebatado
coração...
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
o coração batendo ainda...
Já o sol vai sobre as montanhas
outras vidas o aguardam
deixa saudades tamanhas
leva o calor nas entranhas
tempestades d' amor não tardam.
e lá vamos nesta labuta que é viver
aproveitando de Deus a oferta
deixando à esperança a porta aberta.
levo a marcha dos meus pés por diante
o passado já vai distante
passou a vida num murmúrio
ponho olhos no caminho
e sigo devagarinho
com meu passo já inseguro
e as lágrimas que não chorei
hei-de chorar algum dia!
quando o coração estiver deserto
de alegria,
e o cobrir a noite escura
lembrarei histórias antigas
e chorarei de ternura
ao lembrar quem me as contou
e que a morte já levou,
e depois do sol posto
com uma lágrima no rosto
olharei uma estrela riscando o céu
de breu será a noite,
amparada numa esquina
a saudade... e eu menina
caminhando, para a eternidade.
natália nuno
terça-feira, 27 de outubro de 2015
sem hora de aviso...
A saudade surge
sem hora de aviso
e deixa em mim aquele jeito distante
acena-me com um sorriso
e eu escuto-a como quem escuta
o mar num búzio,
ouço sua voz enrouquecida
a lembrar-me momentos de despedida
a apertar-me o peito...
tudo ficou para trás, é agora
a saudade cada vez mais esbatida.
Trago um grito na garganta
e a vida vai-se cumprindo,
a saudade hera que me cobre como manta
enorme de comunhão e utopias
tristezas e alegrias, e solidão sem fim
e eu sentindo
o tempo a chegar ao fim...
Na mente uma certa desarrumação,
no coração esta saudade tão fina
a lembrar-me as manhãs floridas
de quando era menina...
coisas pequeninas, a colorir-me
a vida, nesta escadaria cinzenta
neste destino sem prazo
só a saudade me acalenta
e ao meu sonho dá aso...
natalia nuno
rosafogo
Algarve, 11/04/2014
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
sonhos d'amor
onde há amor
não há vazio, não há dor, não há frio
há cadências de doce e mel há arrepios de pele
assim a viagem vai correndo o sonho
adoçado de palpitações de sol.
hoje acendi a palavra amor
chovem as nuvens lá fora
choram as glicínias
minha alma chora
mas no rosto ponho um sorriso
e de amar eu preciso.
sigo rente à esperança
sem hesitação,
este amor é uma criança
que recordo com emoção
é agora primavera
estação por mim sonhada
ai quem me dera! quem dera!
fazer-se por mim esperada...
perco-me no cheiro das flores
trago nos olhos cascatas
esqueço a chuva e as dores
sonhos, são de finas pratas.
espreitam-me raios de afagos
as palavras amadurecem
poesia bebo-a em tragos
e as estrelas já amanhecem.
natalia nuno
rosafogo
img.net
domingo, 25 de outubro de 2015
a ver o dia morrer...
Vejo tudo tão distante
já nem lembro da feição
é como abolir da mente
e guardá-la para sempre
no coração.
Nem um sinal de alguém
só a imensidade do mar,
e a saudade que ninguém
quer, só eu posso aceitar.
Mais um ano, mais um dia
vergada ao peso todo.
E os sonhos? Na maioria
quebradas utopias,
longa espera...
rosários desfiados
para aliviar os dias.
E voltam à minha ideia
os momentos de prazer
olho o mar, sentada na areia
nesta tarde quieta
a ver o dia morrer.
Esquecida da vida,
ouço o canto das ondas
sonhar é uma necessidade
sacode minha melancolia,
e desaperta a minha saudade
despeço-me do mar e da tarde
levo comigo o silêncio inteiro
e o persistente sonho onde
canta a primavera
e no esplendor do amanhã
serei andorinha à espera.
há em mim uma febre mendiga
que embacia minhas pupilas
onde uma lágrima se abriga
e me submerge de esquecimento
natalia nuno
rosafogo
Manta Rota, 12/04/2014