segunda-feira, 13 de outubro de 2025

onde deixei a lembrança?...



no sonho caminhei
pelos lugares da minha infância
perdida  me perguntei
onde deixei a lembrança?

que embaraço
- nem um abraço!

por ali os pássaros já não
anunciam madrugadas
nem surgem rostos aos postigos
e as mós dos moinhos estão paradas
onde estão meus amigos?

do sonho quem dera fugir
e da saudade que não
me liberto
prefiro nem dormir,
e na lembrança ter tudo por perto

meus versos já trazem rugas
nos umbrais da sua inquietude
da saudade não conseguem fugas
e num reino de sombras
vivem amiúde

perco-me no passado, bem presente,
confusa neste mar de tempo
à distância,
perdida me pergunto
onde deixei a lembrança?

meu coração recolhe a dor da terra
que ficou deserto desde que a deixei
todos os recantos minha mente encerra
e a saudade no peito fez-se lei

meu olhar é farol que embacia
e meus sonhos vou reescrevendo
entrego-me à promessa que um dia
mais morta que viva, os lugares
estarei de novo vendo.

neste inventário de saudades
levo comigo a descrença
ficam nos versos verdades
e nas margens do rio o frio
e o vazio da minha ausência

natalia nuno
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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

entrega...



viaja a boca até à boca
alegria, loucura feitiçaria
e já a mão se desloca
cresce o desejo, esfuzia
no rosto a alegria

magia, o entusiasmo redobra
coisa louca, 
os beijos da tua boca
o meu corpo te cobra
que seja dia de festa.

e o que tem de melhor?
a entrega ao conquistador!

... e eu me entrego por amor. 💕

natalia nuno
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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

o tempo nos toca... pequena prosa



penso em como a felicidade nos fortalece, e a dor nos enfraquece à medida que o tempo passa...ver os filhos e os netos tornarem-se homens e mulheres, faz-nos abolir do pensamento a passagem do tempo , faz-nos perder a noção que ele passa e não perdoa, tocando-nos com a sua mão invisível, e quando nos apercebemos, os anos felizes e descuidados passaram, são agora como um rosário de penas rezadas.

natalia nuno

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palavras na hora...




perdida nas horas, onde tu és ainda,
morre-me o tempo de ti...

mas o sol não afrouxará
apesar das sombras.

natalia nuno
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o silêncio do meu inverno...





inclino-me sobre o espelho das águas amenas
e choro minhas penas
abrigo-me dos dias de frio
fico olhando o marulhar do rio
as águas desoladas pressentem minhas mágoas
e eu, como pomba que arrulha no ramo
segredo-lhes que existo
porque te amo

fica a vida lenta e sombria
e a luz do sol amarelenta ao anoitecer
do dia
lembranças saudosas são rosas e malvasias
no meu peito
há alegrias ingénuas e emoções mimosas
que quebram a solidão
as decepções e o desalento
as aves apagaram os gorjeios na margem 
do rio que corre em mim
esvoaçam no meu céu cinzento
em sombra e silêncio
do inverno que me esfria
e vão pousar longe no chão
ilusão...

onde ainda se veem estrelas, e restos de sonho
da minha juventude
rasgam-se meus dedos em vão
em estremecimento de primaveras passadas.

natalia nuno
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domingo, 5 de outubro de 2025

meus olhos d'hoje e de amanhã...



sobre o mar secreto dos pensamentos,
surge de quando em quando
uma nuvem negra
vai-se desviando o fio da vida
pronta a morte um susto nos prega

o que fica para trás
não se recupera jamais,
sequer se é capaz
de limpar as lágrimas
e calar os ais

a distância entre o que fomos
e o que somos
mede-se por silêncios

e às vezes as emoções são bem fortes
quando corremos em busca da felicidade
deixamos acontecer às sortes,
até que o coração morra de saudade

há inquietude e frescura nos meus versos
não deixo a folha vazia, escrevo
palavras temperadas de sol
é formosa a profecia, são elas o farol 
que ninguém embacia
-mesmo que parta um dia!

natalia nuno
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poema só para mim...



verdes como  hera
que subindo vai
esperam, desesperam
e um dia a vida neles cai
meus  olhos onde estão,
que olham e não veem nada
em estéril contemplação?
são eles e eu cansada!

verdes, não veem o verde dos campos
a vida sempre a mesma!
o futuro é não... ou nem sabido,
pálido e sombrio
paisagem onde não há rio.


entra por mim adentro um calafrio
vejo minha estrada desdobrada
a chegar ao fim,
já tudo me esquece
até de mim!
nos olhos tristes dissipa-se a aurora
passa por eles o tédio
hora a hora.
hoje não sei se sou
ou não sou!
não sei se existi
meu olhar turvou,
nem me sei aqui.

águas passadas que inda fazem dano
sorrindo interiormente
apercebo-me, como a vida
foi um engano,
fustigou-me o tempo
os olhos que se abriram ao nascer
flores imprevisíveis
nascidas de verde
um dia irão morrer, 
quando a solidão e a carência
fôr rumor de mágoa e do amor
a sede...

já não invento sonhos
dou-me à sorte
neste final, sulcado pela morte.

natalia nuno
rosafogo
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deixa-me sonhar...



não m'acordes do sonho

nem me retires a ilusão

se o amor é vivo,

- risonho,

sonhos vão, outros virão!

tristes, imóveis, parados

cansados andam meus olhos 

e de lágrimas marejados,

da saudade que em mim sinto,

olhando atrás por instinto

esta saudade eu combato

ponho-me a pensar em ti

agonia não desato,

de tanto lembrar de ti

eu já de mim me perdi!

 

natalianuno

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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

os dias da flor...



 surgiu o dia em ebulição, aí senti um desejo doce, não era de vinho, nem de pão, mas a alegria obtida de me sentir de novo eu, do véu que envolve a memória trazendo-me o sonho, e de novo os dias da flor, eis-me viva com o peito a arfar, neste encontro com a que de mim se perdeu, e a manhã fica mais rosada e fresca a terra e o céu...é a recordação que sempre me acode, restitui-me um pouco de alegria enquanto a vida é neve ao sol....

memórias rimadas...




as memórias eu não quero calar
são elas orvalhos nas madrugadas
hei-de por certo sempre lembrar
enquanto as raízes não forem cortadas

vivo  meus sonhos bem acordada
de mim, ainda não estou esquecida,
- de mim não me sinto abandonada,
e a memória da solidão se esquiva

a ninguém importa, a mim tão pouco
nem espero que meu entusiasmo dobre
às vezes o coração ainda se porta louco
quer-se vivo, pois d'amor não é pobre


por isso digo lembrar-me é promessa
- vou de tudo lembrar pela vida afora!
ao bater valente o coração não cessa,
promessa cumprida ontem, aqui e agora

não sou de ficar sentada à espera de nada
nem de lamentar-me ou sequer chorar
vou viver com audácia a vida que me é dada
enquanto estou cá, vou ousar sonhar...

natalia nuno
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rumo...

 

lento outono, assim sou eu de verdade 
como folha caída ao abandono,
- no coração a nostalgia, saudade... 
tudo unido do princípio ao fim, 
da verde à amarelada folhagem, 
é assim hoje minha imagem, 

deixem-me em paz então,
- escuto o passado e o futuro neste pedaço de chão, 
onde a fé já esmorece e tudo se entristece...

conforma-me, se o amanhã voltar!
- a noite, estranha doçura deixa, 
talvez a saudade a lembrar...
- em mim uma íntima queixa, 
difícil é o caminho, mas há que caminhar.

natalia nuno
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domingo, 28 de setembro de 2025

destino...



o tempo une-se à minha vida
do início até ao fim
leva a alegria de mim
passa sem dar conta,
e sempre este rame rame
me afronta.

nunca me abandona a nostalgia
no coração arrebatado 
nele renova e ressuscita
dia após dia,
a saudade,
prossigo na obscuridade
onde trémulas morte e vida
me perseguem, metade 
por metade

sinto a presença
dos aromas das flores,
dos pinheiros os cheiros
a levar-me à exaustão
como paixões e amores
e a vida ainda fosse Verão

ao meu e ao teu coração
ver-te e ver-me nos teus olhos
é sentir ainda presença,
porque somos saudade
do amor que voa na proximidade

aproxima-te, aproxima-te e verás o mar
d'amor, que se espraia até nós
o tempo enche o ar d' aroma a jasmim
amar-nos-emos até ao fim!

natalia nuno

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

sou o tempo que em mim perdura...


só me restam poucas palavras por dizer
que ressoam em espaço fechado
e eu proponho-me a esquecer
mas fica uma ferida aberta
por tanto as ter amado

assola-me o frio
da noite deserta
sinto na pele orfandade e o medo
o peito aperta,
num instante sinto uma lágrima
que me procura

sou o tempo que em mim perdura
trago a memória da infância
interrompe-me a voz da água
e à distância, meus olhos calam a mágoa

a vida vai caindo cansada
no fundo bem fundo do meu ser
a ela me sinto agarrada
e vou vivendo, enquanto o peito
de ar encher

há palavras que se calam entre as tuas
que jamais  esquecerão
o amor e a tranquilidade 
para sempre vivendo como recordação
em harmonia lenta, com saudade!

natalia nuno


terça-feira, 23 de setembro de 2025

murmúrios da noite...





noites intensas
com o vento a rondar
rio de trevas, cresce a solidão
e, nem restos de sonhos a sobrar
a ânsia e a dor são agasturas,
reverdece a nostalgia no coração
das noites enluaradas de ternuras.

sou mulher sonhadora
entregue ao tempo, à chuva e ao vento
a vida me é devedora
da pele lisa que já não tenho,
de lembrar-me quem sou, e de onde venho

defraudados os sonhos surge o amargor
o frio da vida e do espelho, 
trago o rosto impávido de certeza,
a única coisa que resta são estas mãos,
com sua estranha destreza.

escrevo cada palavra com a doçura
que a saudade me dá de mão cheia,
sempre com lealdade e ternura
como se fosse abraço que me rodeia

não posso saber quando será a definitiva
neste mar fugaz que é a vida
por maior que seja o vazio, 
pelo tempo que perdurou em mim
ficará por certo, dentro do meu ser, perdida.

a memória leva-me ao eu mais distante,
enquanto a desmemória
- é meu medo constante!

natalia nuno
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parte de mim...



a solidão refugiou-se no meu peito,

 partilha comigo o tempo,

 acomodou-se, 

e agora passámos a andar de mãos dadas


emoções dentro de mim

dão conta da minha conduta, 

um dia me sinto demasiado nova, 

outro demasiado velha, 

e lá se vai meu equilíbrio, minha harmonia, 

aqui delinearei parte de mim, dia a dia

e escreverei do passado sem pretensão  

e estados de espírito no presente,

deste meu coração.


natalia nuno

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rente ao mar...

 



hoje o mar alterou-se, sabe-se lá porquê...

 ficou paranoico, avassalador, 

mas depois, deixou-nos a fúria

- de o amarmos em liberdade,

mais tarde passou-lhe a cólera 

e veio-nos beijar com paixão, e delicadeza,

e ali mesmo fiz um verso e foi o desvario

 

com frio,

nele adormeci o sol , 

coloquei cigarras a cantar nos canaviais

 e acreditei 

que era verdade o sonho que eu, o mar e o sol sonhávamos...


natalia nuno

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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

ao tocar a noite...



lembranças ilusórias
que são ilusões sem fim
trazem histórias
destroem-me os dias
e os sonhos que restam em mim

sonhos poeirentos
turvos, sem luz
são pássaros aos ventos
amor no peito girando
- a saudade lembrando!

chega o inverno a meu sangue
débeis versos chegam ao fim
corpo de estremecimentos exangue
esfiapado o viver, a morrer em mim.

ainda a criança que sou
arrasta-se a criança que fui!
delas a melancolia se aproximou
e  assim a Poesia tristeza possui.

natalia nuno
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música de outono...

no patamar da noite

fecham-se flores no jardim

e eu recebo a SAUDADE em mim


esse preciso sentimento

que tudo torna presente

traz música de outono

 ao pensamento

e amortalha os ais que o coração sente.


na nostalgia da tarde, há rosas

que chamam por mim

lembranças sem fim, 

-ouço-lhes a voz!


e o silêncio torna-se profundo

a noite espreita, 

imensa é escuridão

minha vontade, numa esquiva hesitação

é  pássaro cansado da viagem,

sem asas, nem ramo

- onde se abrigar!


sobrevive a esperança do amor 

o poder tocar.

 

natalia nuno

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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

quando o mundo pára...

há um brilho de vida

no olhar, quando falas de amor
na noite sempre se adivinha o desejo

e lá vem o calor, 

de mais um abraço

na boca o sabor, o sabor do beijo

no corpo o cansaço

o último estertor sai-nos da garganta

e um pássaro esvoaça na retina

tudo nos encanta, sou tua menina.


o tempo agrediu-nos, tanto devorou

mas o amor saiu ileso,  sobreviveu,

é lâmpada que não se apagou

 

natalia nuno

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palavras redimidas...



lá atrás ficou a juventude
abolida p'los anos
volto lá amiúde, em sonhos
para defrontar onde se meteu
minha euforia, minha alegria

à noite chegavam as estrelas
e os pirilampos do céu
no vaivém da nossa eira
as cigarras cantavam noite e dia
escondidas no trigo por malhar
a cotovia na oliveira se escondia
e o morcego que não dava sossego

tudo se enraíza na inquietude 
da minha memória
que saudade da minha juventude

na estrada o chiar dos carros de bois
e o pastor com rebanho logo depois

lá em baixo no rio
coaxavam as rãs
e eu, 
ouvia a melodia
ia longe, a noite de breu

na erva entrelaçavam-se as lagartixas
e nas árvores procurando pouso
os pássaros faziam rixas
logo a lua já me trazia o sono
e eu sonhava com ela no seu trono

fecho os olhos e ainda sinto
os aromas das flores de laranjeira
o voejar das abelhas nas cerejeiras

o sol crescia na ladeira
e um fervor ainda me alcança
tudo me chama, vive ama e canta
a alegria, a saudade, a criança
o ser inteira, neste sonho que criei
êxtase onde vivo e viverei

natalia nuno
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o que vira depois?...



perguntei-te outro dia

o que acontecerá aos dois

vivendo, sem mim vivias?

e o que virá depois?

talvez  juntos não caminhemos

talvez a vida imponha separação

mas de amor juntos viveremos

unidos pelo coração...

 

natalianuno

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sorrisos aos molhos...

nosso amor é loucura

é aroma que embriaga

que importa se é maior a ternura

doce prazer que nos afaga


é amor de perdição

pra mal dos nossos pecados

não quer saber da razão

traz-nos tão enamorados

 

este amor tão verdadeiro

que me traz assim tão louca

tem do alecrim o cheiro

o beijo da tua boca


vamos assim vida fora

trazemos sorrisos aos molhos

no silêncio desta hora

nos teus ponho meus olhos


amor que é mar embrabecido

que não se dá por vencido...

 

natalia nuno

12/2007

aldeia Sta Justa

rabiscos...



vidas serenas, solitárias e doridas

do trabalho árduo...

a minha memória demora-se um pouco a lembrar,

 a roupa estendida a secar ao sol, 

a louça lavada num alguidar de barro,

- o outono e os seus langores,

- as casas do lado de lá do rio, 

as pequenas ruelas estreitas e tortas,

as gentes cansadas ao anoitecer

- sentadas nas soleiras das portas, 

estas imagens ajudam-me a negar que tudo morresse...


natalia nuno

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rabiscos...cordão umbilical...



cordão umbilical

e tudo se cumpriu, mas não como nos sonhos daquela menina de silhueta magra, a miúda da minha memória que se agarra a mim, e parece não querer cortar o cordão umbilical que nos une, garota que parece ter adormecido com o rosto entre as mãos, gostava de a poder reconfortar, mas os nossos silêncios são mistérios que tecem memórias, onde o sol começa a desaparecer...

natalia nuno

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sábado, 13 de setembro de 2025

coisas de poeta...




ouço a chuva a murmurar uma ladainha, 
enquanto vai humedecendo as folhas caídas pelo chão, 
nem uma estrela visível no céu, e eu, 
aqui surda e muda e esta vida que já não muda... 

cada gota de chuva cai no meu coração,
- poema que escrevo, fica tanto por dizer
- e a noite a tecer sonhos, 
não sei se devo ou não devo, 
colocar o amor mais perto de mim

- e pôr fim à dor da solidão!
 já que meu coração
 é folha caída, 
que me ampara na descida...

natália nuno
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como rio em busca do seu leito...




a minha infância ainda me sabe a pão
saído do forno de lenha
e estes olhos tristes passam por ela
em solidão
como rio em busca do seu leito
tento reunir memórias e a saudade
me embrenha

lembro o caldo verde da horta
no forno as petingas com azeite
o jogo da malha, e chegar a casa
quase morta

morta de cansaço do banho no rio
da cadeirinha ao lado da lareira
dos dias de chuva e de frio
e a avó rezando ali à beira

fervia a cevada nas brasas
ouvia -se no céu o ribombar
da tempestade invernosa,
os pássaros paravam de bater as asas
logo depois o raiar do sol
e as bruxas a amassar pão mole

o arco íris mostrava-se orgulhoso
com tantas cores,
enquanto eu sonhava despertando
para os amores.

pálido papel molhado
espelhos mortos, casa esquecida
pensamento esfarrapado
a memória desses dias já é quase nada
pela desmemória mordida
deixo-me no refúgio da madrugada

aonde ir? aonde ir?!
se as palavras já lá não vão
não sei por quanto tempo as vou seguir,
já caio na solidão!

neste comprido corredor
cada  vez mais estreito
lembro com dor
as fendas do meu quarto
golpeado pelas imensas noites do tempo
deixo as lembranças... e parto.

natalia nuno
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domingo, 7 de setembro de 2025

desejo...

 


hoje não se ouvem os pássaros
 e há árvores que choram,
 enquanto eu,
 desenrolo imagens no pensamento
 como se as voltasse a viver e,

 decido amar-te de novo
 como se fosse a primeira vez...

natalia nuno
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tão pouco...




tão pouco, me consola nesta hora
não posso transformar palavras
em sonhos
calo o desencanto por agora
o que assoma ao pensamento
murchando meus sentimentos

enquanto a vida vai semeando ventos
fazendo ecos do que já não existe,
no coração, nem nos pensamentos,
onde só a saudade persiste!

reclamo da vida um pouco
de dignidade
tenho dúvidas, que não mereço,
uma desolação em absoluto
cedo à terra dos sonhos, esqueço

o porquê das sombras e da nostalgia
e o desconsolo desta vida vazia,
cerca-me a frieza dos sentidos
e calo as palavras em 
em papéis pelos anos corroídos.

bailam nas janelas dos olhos
as cortinas
surge a nortada, 
caindo, já não sirvo para nada
ai vida, já nada me ensinas!

o porvir é agora amarela gargalha.
.
natalia nuno
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rabiscos....


 amo a luz

quando o sol dorme,

adormece o coração,

amadurece a escuridão

e, eu que amo a luz,

acalento-me na esperança duma nova madrugada

logo a minha alma respira

e o coração bate

no desejo de ser amada...


natalia nuno

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rabiscos...

 



sopra um vento forte

entre o começo e o fim
entre a vida e a morte
já não lhe ofereço resistência

vai-me levando assim.


- tropeço por fim!


passam por mim pássaros chilreantes

a alegrar meu coração sonhador

e não perdedor,

por alguns instantes...

 natalianuno