tenho medo de escrever
medo de sair de mim
e não voltar
a que escreve, traz a palavra
emocionada
fica intensamente ligada
à sua loucura
sabe amar ainda com paixão,
mesmo sendo mordida de amargura
voltará a mim ou não?
tenho medo desse enamoramento
desse sacudir os versos
que a adulam
desse afogo e desafogo
desse gosto e desgosto
entre ela e a poesia
não volte mais a meus braços
nem noite e nem de dia
mas sempre lhe sigo os passos!
olho-a face a face
vejo-lhe a paixão ardente
e indago porque razão?!
se quem sobrevive não é gente
talvez nem sua paixão.
leva-me a supor
que quer levar-me ao desespero,
mas sempre por ela espero
com amor, um ardor, belo
sentimento,
dividido de admiração
entre a outra que escreve e eu
e esta paixão
que em nós cresceu.
natalia nuno
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