o tempo vai tecendo suas teias
suga-me a memória e as ideias,
fico descuidada e só
girando nas lembranças
vêm a mim imagens ditosas
e desato mais um nó.
passa a brisa do salgueiro
o riso do amanhecer, o rio a correr
e tudo o que amanhece vive em mim
belo, assim, da vida para a vida.
meus olhos são bagos maduros
trago neles o peso dos dias
e o desassossego dum silêncio
ensurdecedor, no coração
o fogo retido dum grande amor.
afundo o olhar, para querer decifrar
o que ainda me sustém,
se o tempo sem memória
ou o que ainda à memória me vem.
natalia nuno
rosafogo