domingo, 17 de setembro de 2023

céu já de pouco azul...



vou desbravando lugares ao esquecimento
meu coração solitário se afoga,
descompassado, sem alento
e um sonho se anuncia
como que um labirinto,
por detrás de cada sombra
silenciosa penumbra sinto.
parece que tudo se reduz
e o tempo enterra
perdidas as memórias
mas é a vida que encerra

tenho pavor do desconhecido
queria libertar-me e voar
e despertar num campo florido
onde o meu corpo soasse suave
leve como ave
sentisse o sol e o vento
sem abalo, nem temor
sem estar condenado a existir
neste tempo violento

estranho cansaço
e às vezes, uma imobilidade poderosa
sem vontade de dar mais um passo,
recordo o que resta da imensidade
do aroma
duma árvore que foi frondosa...

natalia nuno
rosafogo

4 comentários:

  1. Boa noite de domingo, querida amiga Natália!
    Impressiona a veracidade de seus veros.
    "O tempo enterra perdidas as memórias mas é a vida que encerra".
    Assim ocorre no decurso do nosso viver quando descemos a montanha que, outrora, escalamos.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. Uma inspiração outonal, o cinza das coisas, o desfolhar das arvores, o marrom das folhas no tapete onde transitamos com nossas lembranças calorosas de um Verão.
    Há uma sensação de angustia, um desconforto e a vontade de primaverar-se.
    Belo e dolorido poema Natália.
    Aqui esperamos a Primavera.
    Abraços e feliz semana.

    ResponderEliminar
  3. Este seu poema, minha Amiga Natália, fez-me imaginar cada sombra silenciosa que persegue a luz que a ampara e a faz desejar ser ave ou vento para não temer mais o que desconhece. Muito inspiradas e inspiradoras as suas palavras.
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  4. Aos três amigos desejo uma óptima noite

    Agradecida pela visita, e pelos comentários onde sinto muito carinho, fico feliz, é um privilégio a vossa companhia e amizade.

    Bem hajam.

    Beijinhos, tudo bom.

    ResponderEliminar