quarta-feira, 29 de julho de 2020

o sol na eira...



a aldeia, era muito rural, porém beijada pelo lua, com recantos belos, um rio correndo mansamente, quanta saudade.......o sol na eira, a pequena horta, a sombra da figueira, e para tantos a vida morta...o postigo já sem vidraça, o chilrear dos passarinhos, o vizinho dizendo uma chalaça, e os carros de bois pelos caminhos...gotas de orvalho na madrugada, e na igreja ao domingo, missa cantada...é muito o que recordo, a saudade me enfuna as velas da memória, e as lembranças regressam como músicas que nunca esqueci e me abraçam num doido abraço... água do rio a cantar, choupos, salgueiros onde poisavam os pássaros guarda rios, nas manhãs do meu passado. eu menina ali ficava admirando uns e outros, e era a alegria que vestia meu coração, cantava em mim a primavera, enquanto as searas amadureciam, e os choupos me olhavam na minha manhã inocente, as rolas arrulhavam e as macieiras estavam já floridas, as giestas escondiam ninhos de perdizes e no relógio da torre da igreja, badaladas perdidas, caía a tarde com seus véus de sombra sobre as paredes das casas, as crianças, donos das ruas brincavam de pé descalço e pião na mão, e no coração, a alegria que a vida lhes consentia...hoje lembranças  são folhas varridas pelo vento, só a saudade vence a distância que me separa da infância, mas nesta  tarde morta o sonho deixou-me transpôr a porta... e estar de novo comigo!

natalia nuno

rosafogo

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