quinta-feira, 23 de agosto de 2018

olho-te...falas-me...não é isto felicidade?




pousam meus olhos nos teus
como se perguntassem o que sentes
o tempo, esse não nos sobrou
saudade em nós deixou,
sonhos dormentes
e a vida se apoucou,
repetem-se os dias da viagem
e a solidão é como um rio que nos atrai
irrompe no espelho a nossa imagem
fingimos não ver,  nem querer saber
o certo é que a vida descai
que importa reclamar,
sobreviveu alguma coisa de nós?
as palavras caem-me. da boca
abrigo-me nos teus braços
não me digas nada
a saudade leva-me sempre pela mão
triste sombra a minha pelo chão.

hoje nem o rubro vivo da tarde
nem a música do vento na ramagem
só a nossa imagem perpassa nas águas
que levam com elas minhas mágoas

olho-te...falas-me...não é isto felicidade?
o tempo sempre amanhece
o teu sentimento é o meu
a felicidade brota em dobro
e eu à vida já nada mais cobro
revejo poemas incompletos
beijos guardados num verso
é o passado insistente, fulgente
a que me não nego,
atiço as chamas, saltamos labaredas
e dizes-me ao ouvido que me amas
olho-te...falas-me...não é isto felicidade?
somos esse rio onde nos miramos
o silêncio onde nos amparamos
não podes voar sem mim
e eu sou asa sem pássaro
se vôo sem ti.

natalia nuno
rosafogo














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