sábado, 25 de agosto de 2018

JÁ TE FALEI DE SER FELIZ'



Á TE FALEI DE SER FELIZ?

À minha amiga e poetisa Natália Nuno.
Já te falei hoje das flores e do riacho?
Do chapinhar saltitante das rãs e do seu coaxar sincero?
Do zumbido franco das abelhas e das libélulas,
rondando de cá para lá como se à face da terra
não restasse tempo para a monotonia?
Do latido indistinto do guarda-mor a olhar os passantes
e a abanar o rabo quando um da família chegava?
Já te falei do calor dos dias sob a sombra queimante
dos figueirais, quando Agosto pingava o mel
dos frutos e a agonia da canícula?
Do fuga rastejante das cobras e da azáfama penitente
das formigas, carregando o futuro nas mandíbulas,
enquanto no canavial um melro compõe uma melodia encantatória
absorto no desaviso das horas?
Já te falei de ser feliz? De ser muito feliz?
De ser eternamente feliz e grato?
De ser puto com asas invisíveis e sonhos inflamados
de girândolas de foguetes e tantãs de tambores guturais?
De ser pássaro como os pássaros e avião como os aviões,
para galgar muito além das nuvens e conhecer os lugares
inóspitos e os jardins plantados à beira dos rios serenos?
Se já te falei de tudo isto, deixa que te diga, finalmente,
que ainda há constelações por descobrir
e mundos para além do mundo ao meu redor
que não conheço e que anseio encontrar ao virar da esquina.
Talvez nos teus olhos de ver mais além ou no teu coração
de surfar as ondas do oceano e a escuridão das noites de insónia.
Vamos plantar canteiros de estrelas no cimo da serra?
Regalas-e-mos com as nossas lágrimas de alegria.
E amanhã veremos mais longe o arrebol da aurora!
Está na hora... É agora!
Em 25.Ago.2014
PC

obrigada Paulo César

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